sexta-feira, 16 de agosto de 2013
E se der pau na máquina, hein?
Esse povo tá doido. Ou tá confiante demais nesse governo pro meu gosto.
O tal do "plebiscito da automação" chegou na minha unidade. O diretor chamou a gente pra dizer que o secretário deu a chance dos diretores escolherem se queriam a unidade automatizada ou mecanizada.
O povo escolheu a automação.
E eu quero a minha transferência antes que essa maluquice chegue aqui.
LPT já! LPT, LPTE, LPTR, união de cônjuge, bonde, qualquer coisa. Quero sair daqui.
Eu penso o seguinte: dá pra confiar que o governo vai cuidar direitinho da manutenção dos equipamentos de automação? E se falhar, o que é que a gente vai fazer?
O povo tá votando sem nem saber qual a diferença entre um e outro.
Na automação, o ser humano não interfere em nada. Tudo acontece segundo a programação da máquina.
Na mecanização, o ser humano é quem determina o que a máquina vai fazer. Mas precisa de uma ação humana, nem que seja para apertar um botão para comandar a ação da máquina.
O meu sonho é a automação, não vou mentir. Só que eu trabalho no sistema prisional paulista. Sabe o que isso quer dizer? Quer dizer que eu não tenho nem uma cadeira com quatro pés inteiros para me sentar. Quer dizer que eu ganho mal e o governo não tá nem aí para isso. Quer dizer que não dá pra confiar que os equipamentos vão ter a manutenção certinha. Quer dizer que eu sei que os presos vão fazer de tudo para quebrarem esses equipamentos. Ou alguém aqui discorda?
Meu sonho é a automação. Mas desse jeito não.
Alguém sabe de alguma unidade que não vai ser automatizada, e sim mecanizada? Quero ir para ela. Sei que vou correr muito menos risco se o controle do "abre e fecha" de portões ficar nas minhas mãos ou nas mãos de um colega. É só apertar um botão e pronto, tudo vai estar aberto ou fechado. E se o botão falhar, temos o plano B: a operação manual, igualzinho ao que a gente faz hoje.
E se o equipamento de automação parar, como é que a gente fica, hein???
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2 comentários:
O asp que pensa que automatização acabará com todos os problemas das unidades vai ter uma decepção grande. Por que virá uma grande decepção e então vamos ver se os eleitores do governo vão ter a hombridade de votar em outro partido, de pensar diferente e mudar. A maioria acha que irá ficar sentado nas gaiolas em grupos, conversando, falando de futebol, jogando dominó e os presos trancados. Não percebem ou não querem entender que governo nenhum trabalha em beneficio de pessoas e sim de uma coletividade. O governo não age para facilitar, não age para ajudar. Age apenas pensando em sua conveniência, em seus números. Tudo o que o governo faz é mapeado por estatísticas e projeções futuras de números. Se os números são convenientes, se a situação politica convém ele cede, age. Se os números não forem favoráveis a ele ele age mudando o plano original para que o efeito se enquadre favoravelmente a ele.
O que me preocupa, Luiz, é a segurança da gente que trabalha nas unidades. A gente viu no que deu a tornozeleira eletrônica. Alguém em sã consciência é contra a automação? Não! Mas, a gente que sabe como o sistema é sucateado, será que dá pra confiar a vida da gente na palavra do governo de que vai cuidar dos equipamentos? E se der pau, quem é que vai arcar com as consequências dos presos soltos por falha mecânica? E, como você bem colocou, o povo tá pensando que vai ficar de boa, sem ter que trabalhar. Vai acostumar mal. E quando rolar a bronca... eu só não quero estar perto.
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